Entrevista com Ana Cláudia Martins – Presidenta, Dina Elisabete Uliana -Diretora Financeira e Regina dos Anjos Fazioli – Conselheira, integrantes da 19ª Gestão do Conselho Regional de Biblioteconomia do Estado de São Paulo – 8ª Região – CRB-8
As instituições de ensino intensificaram a inclusão de novas tecnologias na sua rotina, qual o papel da biblioteca nessa mudança?
O papel da biblioteca é acompanhar e oferecer ao seu público: alunos, professores e pesquisadores, atualmente muito mais crítico e exigente, as ferramentas mais atualizadas para difusão do ensino e da pesquisa, disponibilizando ao seu público equipamentos para consulta, acervos digitais como e-books, periódicos online, bases de dados para levantamentos bibliográficos e outros. e intensificar a interação através dos meios digitais como as Mídias Sociais, ou outros canais de comunicação.
Como o bibliotecário absorve a inclusão de novas tecnologias no ambiente profissional e acadêmico?
A introdução das tecnologias da informação e comunicação (TIC’s) na rotina de muitas instituições de ensino, exigiu de bibliotecas e centros de informação a melhoria de processos, instituindo uma nova dinâmica na produção, organização e distribuição de produtos e serviços informacionais, exigindo novas habilidades do profissional bibliotecário, cabendo a esse profissional ao bibliotecário(a) manter-se atualizado com relação as inovações de sua área. Isso pode ser obtido por meio da participação em eventos voltados a essa temática, leituras de publicações técnicas e cientificas; cursos de especialização; pós-graduação; etc. Outro fator que auxilia nessa atualização é a rede de contatos profissionais para trocar experiências e informações e potencializar oportunidades através de relacionamentos.
Quais as principais dificuldades enfrentadas pelo bibliotecário no seu ambiente profissional?
Em tempos de transformações, é imperativo que os profissionais dominem conteúdos que ultrapasse a formação adquirida em sala de aula, desenvolvendo habilidades em um curto espaço de tempo, o que exige um perfil mais ativo e dinâmico e envolve dificuldades desde a carência de recursos da instituição para manter atualizados os equipamentos e acervos; falta de investimento da instituição na capacitação da equipe de bibliotecários/as.
Qual é o papel do bibliotecário nas decisões sobre o bom funcionamento da biblioteca?
Conforme descrito na Lei Federal nº 4.084 de 30.06.1962 e Decreto Federal nº 56.725 de 16.08.1965 a gestão de uma biblioteca dever ser feita por um/a profissional bibliotecário/a devidamente registrados/as no seu Conselho Regional de Biblioteconomia. No caso de bibliotecas universitárias, essa gestão pode ter o apoio de representantes docentes e discentes que comporão o Conselho de Biblioteca que atuará juntamente com o Gestor da Biblioteca.
Em tempos de multiplataformas, qual é o principal desafio em manter o interesse do aluno em frequentar a biblioteca?
Grande parte dos acervos das bibliotecas universitárias ainda são formados por livros, periódicos, teses, folhetos, entre outros documentos impressos. A substituição do material impresso pelo material digital, exige um projeto complexo, uma vez que existem diversos fatores a serem considerados como por exemplo: implementação de uma infraestrutura tecnológica com garantias de atualização permanente; questões ligada a direitos autorais para digitalização dos materiais impressos; capacitação da equipe de bibliotecários/as e suporte de profissionais da área de TI para o desenvolvimento de projetos de acordo com as necessidades da biblioteca, como por exemplo: desenvolvimento de base de dados, digitalização de acervos, entre outros. Nas opções digitais existe uma grande possibilidade para atrair alunos, como a interação, divulgação e comunicação de serviços/produtos nas Mídias Sociais, bem como utilização de Gamificação.
Quais os principais benefícios de se adotar uma biblioteca digital?
Podemos destacar alguns benefícios: o primeiro é a democratização de acesso aos documentos integrais disponíveis na base de dados da biblioteca. O segundo benéfico é a preservação de acervos raros que podem ser consultados em formato digital, como já acontece na Biblioteca Nacional. E pode-se destacar um terceiro: a interação e comunicação com maior facilidade aos clientes, independentemente do local que eles estejam.
Quais recursos você considera essenciais para o bom funcionamento de uma biblioteca digital nas IES?
O bom funcionamento de uma biblioteca digital baseia-se em três pilares: Tecnologia, Recursos Humanos e Informação de qualidade, utilizando-se metodologias de Gestão de Conhecimento: uma equipe de profissionais bibliotecários/as para oferecer treinamentos de atualização no uso das ferramentas de pesquisa online; Rapidez na atualização do acervo; Garantia de assinatura de base de dados para pesquisas, como: Web of Science; Atualização de equipamentos e sistemas; Suporte de TI.
A atualização e a adaptação do acervo a ementa do curso são grandes desafios para a biblioteca, como resolver?
É importante a participação do profissional bibliotecário/a nas discussões para a elaboração das ementas dos cursos e uma proximidade com o Corpo Docente e a as necessidades institucionais. Essa participação ajudará no desenvolvimento da coleção bibliográfica que será utilizada pelo corpo discente e docente.
Em tempos de restrição de circulação, como a biblioteca digital pode ajudar o aluno no processo de aprendizagem a distância?
Oferecendo o mesmo atendimento aos usuários agora pelo meio digital, como por exemplo: treinamento para uso de base de dados, atendimentos via chats para dúvidas e orientações bibliográficas, interação pelas Redes Sociais, entre outros serviços.
Como um acervo multidisciplinar ajuda no interesse do aluno em acessar a biblioteca digital?
Entende-se que a Biblioteca também é responsável pelo desenvolvimento cognitivo de cada indivíduo, assim, a diversidade do acervo associado a um banco de dados que facilite o acesso, a pesquisa e a recuperação da informação, são elementos fundamentais para atrair o interesse dos seus usuários.